18 maio 2009

SUS - Sistema Único de Sacanagem

O final de semana que acabou de passar foi, sem sombra de dúvidas, um dos piores que já passei desde que estou morando sozinho.

A gripe me "pegou" semana passada e resolveu me nocautear mas eu me defendí tomando uns antigripais e xarope contra a tosse e, quando achava que já tinha conseguido me livrar do golpe traiçoeiro, eis que a ordinária, em um momento de distração (quando eu parei de tomar os remédios), me acertou em cheio e me levou ao chão, digo, à cama.

A tosse, que ainda não havia dado uma trégua, intensificou e ficou mais forte. Quando fui pagar minha conta na farmácia, uma farmacêutica que lá trabalha até que tentou me ajudar me recomendando levar um antitussígeno mas eu falei: não precisa, tenho uns xaropes e um mel lá em casa que darão conta do recado - tudo isso numa tentativa frustrada de reduzir meus gastos com remédios.

Oh! Quão ignorante fora eu.

No sábado eu acordei me sentindo mal. Muito mal. Sentia febre e dor de cabeça. Fui trabalhar "na marra". Mal conseguí comer dois pães com ovo no café-da-manhã (geralmente eu como quatro desses no sábado). Almoço? Não conseguí comer. Não descia. Tomei dois iogurtes no final da tarde e um caldo de carne por volta das 21 horas.

Como não parava de tossir e tossia cada vez mais, meu peito e minhas costas começaram a doer. Aí veio o medo de um princípio de pneumonia.

E o que eu fiz? O que todos devem (ou deveriam) fazer: procurei um atendimento médico de urgência. Foi aí que eu sentí na pele como o nosso Sistema Único de Sacanagem Saúde está de mal a pior.

Quando cheguei no hospital (do Parque Piauí, só pra constar), no setor de Urgência pra ser mais preciso, ví que não demoraria e logo eu seria atendido pois só haviam duas pessoas esperando pelo atendimento médico. Mal terminei de preencher minha ficha de atendimento e ví que já seria o próximo (e olha que não levou mais que 3 minutos pra preencher a ficha). Fiquei "escabriado" mas não desanimei. Dois minutos e, chegou minha vez.

- Boa noite, doutor! - falei.
- Boa! - respondeu o "doutor". - Qual seu problema jovem? - perguntou ele.
- Estou tossindo quase que sem parar há quase uma semana, doutor, e hoje meu peito e minhas costas começaram a doer - falei.
- E o que o médico falou? - perguntou... o médico.
- Que médico o senhor está falando? - perguntei "encabulado".
- O médico que você se consultou - replicou ele.
- Mas eu não me consultei com médico algum, doutor.
- Quer dizer que você está tossindo há uma semana e não havia procurado um médico ainda? - perguntou o idiota.
- Não - respondeu o outro idiota (eu).

[Um rápido silêncio tomou conta do ambiente e foi interrompido pelo barulho do carimbo]

- Tome esse xarope e venha segunda-feira no ambulatório - falou ele me entregando uma receita.
Como não sou de frequentar hospital e coisaetal e talecoisa:
- Ambulatório? Fazer o quê doutor? - perguntei inocentemente.
- Exame! - respondeu ele (ignorantemente).
- Pronto doutor?
- Pronto!
- É só isso?
- Só!
- Boa noite pro senhor!
- Pra você também...

Saí daquela sala pior do que quando entrei. Sentí que a gripe piorou, a tosse também...

P*rra! Porque que eu não comprei o xarope que a menina da farmácia havia me recomendado? Provavelmente já estaria bem melhor... Mas, como dizem, "não adianta chorar o leite derramado". Eram quase 23 horas e as farmácias já estavam fechadas. Olhei para aquela receita, pedí uma caneta a uma amiga, anotei o nome do médico e o número do registro dele no CRM (Conselho Regional de Medicina) e... rasguei, Isso mesmo, RAS-GUEI. O xarope que ele me receitou era o mesmo que eu já vinha tomando sem surtir efeito.

E por que eu não falei isso pra ele?

Porque eu estava tão indignado com o descaso daquele imbecil/idiota/estúpido vestido de branco, que minha vontade era de sair dalí o quanto antes.

Vejam vocês, que este cidadão nem triscou em mim para constatar que, de fato, eu estava "queimando em febre". Não colocou nem aquele aparelho que ele usa pendurado no pescoço pra saber como estava minha respiração e meus pulmões. Não examinou minha garganta que estava inflamada e eu falei isso pra ele... Nada! P*rra nenhuma!

Por último, e já depois de estar bem longe da presença daquele cidadão, "me toquei" que aquele filho-da-puta não havia me dado requisição para fazer exames.

Como eu faria exame sem requisição e sem, ao menos, saber a que tipo de exame aquele b#*%@ se referia?

Bem... fui para meu apartamento e, no dia seguinte (domingo) acordei não muito diferente do dia anterior. Dor de cabeça, dor no peito e nas costas, tossindo bastante, como fome e sem vontade de comer, etc. Mesmo assim fui na casa de uma amiga pois havíamos combinado há dias uma feijoada na casa dela e, mesmo sem apetite, fui.

Chegando lá, pedí licença para me deitar no sofá pois não me sentia bem e ela (assim como outra amiga que alí se encontrava), que já havia percebido minha apatia, disse que eu poderia, sim, me deitar. Quando o almoço saiu, fui até a mesa ver se conseguia comer ao menos um pouco. E comí, de fato, muito pouco. Então ela separou um caldo de feijão pra mim e tomei todo. Voltei pro sofá e fiquei lá, deitado, por um bom tempo.

Naquele momento, me queimando ainda em febre, lembrei da menina da farmácia mas estava chovendo e, deitado estava, deitado fiquei. Quando a chuva parou, fui na farmácia e, antes de mais nada, pedí desculpas à farmacêutica por não ter aceitado, a princípio, a ajuda dela. Pedí o remédio, o bendito remédio contra a tosse e mais uns comprimidos de paracetamol para combater a febre, e fui pro meu apartamento. Depois de tomar a segunda dose do xarope (que é de 3 em 3 horas) e um comprimido de paracetamol, já me sentia bem melhor.

Fui na pastelaria que fica próximo do meu apartamento e pedí um pastelão (esse pode chamar de pastelão pois, de fato, ele é grande mesmo e bem recheado). Comí todinho.

Hoje acordei bem melhor, graças a Deus, à menina da farmácia e às minhas amigas que cuidaram muito bem de mim.

O que ficou de lição nisso tudo: Que a fé em Deus é primordial. Que ouvir quem está acostumado a lidar com certas coisas é fundamental. Que os amigos de verdade são especiais. E, por último: Que depender do SUS é pôr um pé na cova.

Ufa! =)

(*) Obrigado, mais uma vez, a todos que me ligaram preocupados com meu estado de saúde e que me desejaram melhoras, assim como o Stanley que comentou no blog desejando-me melhoras. Valeu galera!

(**) Se eu encontrar o papel onde anotei o nome do médico e o número do registro dele no CRM, farei um UPDATE neste post.

- UPDATE -

Encontrei o papel onde anotei o nome e o número do registro no CRM do referido médico e, conforme prometí, está aí:

Médico: José Medeiros
CRM: 2314

8 comentários:

Stanley Rossine 19/5/09  

Olá Manuel!
Blz kra, que bom q esteja melhor!
Se eu te falar o q aconteçeu cmg um dia vc nem acredita sobre o "SUS".
Tudo aconteçeu numa terça, acho que a um mês atrás, minha namorada passou mal no meu apt, ela desmaiou subitamente, estava se contraindo toda, babando...Tenho um pouco de conhecimentos médicos, fui sentir a sua pulsação, estava quase sem...os olhos estavam virados...eu já estava pronto para fazer uma massagem cardíaca. Quando iniciei ela voltou, estava se tremendo toda...liguei para o SAMU (eu estava com o carro na gragem, mas do jeito q estava era melhor esperar vim uma ambulância com o médico), eu tive q ameaçar o médico q me atendeu por telefone no SAMU ir a delegacia e processá-lo se ele não mandasse a ambulância naquele momento, disse q iria levar a imprensa se ela morresse por omissão de socorro. Não foi 5 minutos e chegou a ambuância do SAMU (meu apt fica na Piçarra) ela foi medicada na ambulância e nos levou ao Hospital do Monte Castelo. Cheguei lá relatei tudo para q o médico, ele estranhou eu dizer com tamanha riqueza de detalhes médicos o ocorrido e sabe o q ele medicou na receita?
Um injetável de gadernal para ela pq teve um início de uma convulsão...fiquei louco ao ver e disse a ela para irmos embora naquele instante...isso era loucura...
Depois de um tempo ela melhorou com o remédio q havia tomado na ambulância e voltamos para casa.
Agora sei como as pessoas são tratadas pelo SUS.
Desculpe se fui uito extenso no comentário, só queria expressar tb minha indignação com o serviço público de saúde.
Abraço,
Satnley

Manoel Filho 19/5/09  

Que é isso amigo, não tem essa de comentário extenso por aquí. Fique a vontade. Escreva a vontade.

É amigo, realmente, temos que pedir, rogar, implorar a Deus para não precisarmos usar o atendimento do SUS (Sistema Único de Sacanagem). Como eu bem citei no final da postagem, depender do SUS é o mesmo que colocar um pé na cova.

Volte sempre! Comente sempre e não se preocupe com extensão.

Forte abraço,

Manoel Filho.

Unknown 20/5/09  

Olá Manoel Filho, Td bem?! Espero q já esteja...
Bom, li seu post aqui e, mesmo sendo uma funcionária do SUS, tenho q admitir q o serviço deixa mt a desejar... não são todos q são como o colega médico citado, mas, infelizmente, a maioria é sim. Posso falar d mim q, garanto, não sou assim. Aliás, trato os pacientes do SUS bem melhor do q tratava os de um hospital no coração do Jockey, no qual trabalhei (não tinha paciência c/ tanta frescura de dondocas q iam até lá geralmente fazer plásticas).
Fico extremamente arrasada qdo vejo esse tipo de comportamento por parte dos colegas, mas, o q posso fazer? Minha parte, e essa, com certeza, tô fazendo!
Qto ao comentário do colega Stanley (lá em cima), devo dizer-lhe q o diagnóstico do médico estava correto sim, e q a conduta era injeção intramuscular d gardenal msm. Às vezes as pessoas têm preconceito por causa das imagens estigmatizadas das coisas, gardenal não passa de um anticonvulsivante... só isso! E o q a namorada dele teve (de acordo c/ a descrição do ocorrido, q chamamos anamnese) foi uma crise convulsiva... Neste caso, o colega médico fez o q deveria...
Eu mesma, certa vez, tive q tomar uma injeção intramuscular de diazepam. Tava doida?! Não, apenas com uma crise respiratória visivelmente psicológica... tomei a injeção (q é um ansiolítico), dormi a tarde toda e acordei respirando tão bem quanto um bebê!!
Abços e espero q tenha msm melhorado, embora não concorde com a prescrição oral dos funcionários de farmácia... mtas vezes dá certo, mas algumas vezes, a pessoa pode ter uma alergia (q não sabe) e vir a morrer por uma crise alérgica q pode culminar em edema de glote...
Bjão!!

Jonathas 20/5/09  

Que bom que você está melhor manoelzinho.

Também li o seu post Stanley, e sinto lhe informar, mas o médico estava certo, pelo que você descreveu dos sintomas apresentados pela sua namorada, o que ela teve mesmo foi um início de convulsão, isso se tiver sido a primeira ocorrência da vida dela, se por acaso for pelo menos a segunda vez, clinicamente já se enquadra como sendo epilepsia, outro fator que também pode causar convulsões é a cisticercose ou popularmente conhecida como verme de porco na cabeça, dentre tantas outras coisas que pode vir a desencadear uma convulsão.
Gardenal não é um remédio para ser usado única e exclusivamente em pessoas com esquizofrenia (doidas, malucas, etc...), mas é um anticovulsivante.
E ter uma desordem desse tipo e ter que tomar gardenal não significa em hipótese alguma que a pessoa é esquizofrênica.

Depois postarei outro comentário sobre o Sistema Único de Saúde e seu atendimento.

Manoel Filho 20/5/09  

Alice,

Que honra tê-la por aquí (no blog e nos comentários). Sei que você é uma profissional qualificada e que trabalha por amor à profissão e, principalmente, ao próximo, o que não deve ser o caso desse cidadão e, como você mesmo concordou, de tantos outros.

Alice, eu relutei em aceitar a ajuda da farmaceutica exatamente por isso, porque não gosto de tomar remédio sem uma prescrição médica. Mas, desta vez, indignado, eu acabei aceitando a "dica" da farmaceutica e, graças a Deus, tá dando resultado positivo.

Parabéns por sua garra, determinação e amor à profissão e ao próximo. Volte sempre e comente SEM MODERAÇÃO.

Bjos!

Manoel Filho 20/5/09  

Jonathas,

Que bom que você está de volta e em forma, cara. Tava sentindo falta de seus comentários por aquí.

Volte sempre!!!

Stanley Rossine 21/5/09  

Em atenção aos comentários de Alice e Jônathas, informo que antes de receitar um medicamento já estigmatizado na sociedade como de louco, o profissional tem o dever de explicar ao responsáveis do paciente os motivos da aplicação e tudo que fosse necessário para a correta solução para o caso.
Não sou formado em medicina, não posso dizer o que ela realmente teve, prematuro fazer qualquer suposição sobre q doença seria.
Achei que a conduta do médico fosse equivocada e por isso não permiti a aplicação do referido medicamento.
Sei que o SUS melhorou muito, tenho amigo q tb é um profissional do Ministério da Saúde, mas só espero nunca precisar do sistema público de saúde.
Abraço a todos,
Valeu pelo espaço Manuel,
Stanley

Lanussa Ferreira 21/5/09  

Meu filho... me compadeço com a sua dor... Tb já tive minhas experiências frustrantes com o SUS. Afff!!!

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